sábado, 9 de outubro de 2010

Vazio


Tô há mais de meia hora aqui parada em frente a essa caixa de texto vazia e não sei o que escrever, isso me faz pensar que não é só ela que anda sem nada. O vazio não é na minha mente e nem nunca vai ser, mas acho que já falei tudo o que tinha que falar para o nada, para o vento, coisas que eu deveria falar pra ele mas é quase certeiro que ele nunca vai saber nem de metade disso. O vazio é quando eu me deparo com aquele que já foi o motivo de todas as minhas risadas mas que agora é o motivo de muitas lágrimas, saudade e olhos inchados e coração murcho. Eu não sinto meu coração bater mais forte, não olho pra trás quando ele passa, nem costumo contar a alguém alguma coisa muito engraçada que ele dizia. Não tenho mais aquele banzo que minha amiga me explicou antes de eu ir almoçar e meu pai ter feito eu me lembrar que hoje eu tenho que me preocupar com ele. Talvez seja por já ter passado tanto tempo do início de tudo isso, que não estejamos mais nessa fase. Mas se não estamos nessa, estamos em qual? Lembrar, porque senão eu não iria me preocupar. A não ser se eu o visse. Mas o que me preocupa de verdade é que isso seja normal, essa minha preocupação não seja especificamente com ele e sim com meu melhor amigo, meu pai, minha mãe, uma amiga do meu primo ou qualquer outra pessoa que se meta no sufoco de hoje. Não sinto nem aquele aperto no coração que me afligia tanto ao vê-lo. O que me dói agora é pensar que isso pode estar passando. O que me preocupa é que esta dor talvez esteja amenizando. O que me dói é não sentir dor. Quando eu deveria estar feliz, me vejo com medo de que tudo aquilo tão mágico esteja perdendo a graça, como uma boneca deixada de canto quando se ganha outra nova, sendo que sem ganhar a nova, até porque as novas nunca chegaram aos pés da antiga. O meu medo é esse nada da vida, essa não motivação de querer lutar, pestanejar, dizer que é do meu jeito de sonhar que tem que acontecer e se realizar as coisas. Tenho medo do meu querer, das minhas vontades não se sobressairem como antes, por simplesmente estarem perdendo a magia, o perfume. Quero manter isso vivo dentro de mim, mesmo que doa. Porque mesmo que eu não sinta mais falta das ligações às 23h30, aquele abraço quente e aquela mão gigante segurando firme a minha, eu sei que não há alguém mais perfeito na minha concepção que ele pra preencher esse vazio e qualquer outro vazio como o de uma simples caixa de texto.


Feliz Círio a todos os paraenses!

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