
Eu me apaixonei três vezes essa semana. E dentre as diversas vezes que me pegava perdidamente apaixonada por mais uma coisa pequena e antes desconhecida por mim dentro de você, dessa vez foi diferente. Essa semana eram outros personagens atuando na história onde só existia um mocinho, aquele que de vez em quando parecia mais o vilão.
O primeiro foi no começo da noitinha de sábado. De um tédio agoniante resolvi ir a uma programação teatral e aquele cara com jeito de garoto me chamou atenção. Você sabe que eu adoro isso. Num espaço determinado e quieto ele cantava, ele e mais quatro, o que era meio estranho após descobrir o nome da banda. A banda era boa, o ritmo era bom, propício para o início de uma paixão. Mas como uma acomodação criada dentro de mim, fui embora sem ao menos tentar uma aproximação. De lá para o barzinho, mais um. O engraçado era que ele nem era bonito, mas quem sou eu para bancar de garota que se liga em beleza? Só acho que para uma primeira vista era de se considerar a atração. A voz dele era muito linda, sabe. E eu gostei dele porque ele puxava papo, e eu não me senti no dever de cavar os assuntos apropriados a um semi-encontro. Diferente de quando eu ando na tua presença. Como a voz dele era bacana. E ele conhecia meu pai, e eu queria tanto te apresentar ele porque você sempre se gabava porque de todos os outros que de azar se envolveram comigo, você foi o único que meu pai aprovou. E conhecê-lo era uma interpretação de possíveis avanços, mas isso era mais pensamento de véspera do dia 12 de junho. Aí ele tinha uma namorada. Desencanei, mas assim como o primeiro, durante a noite conseguiu me arrancar um sorriso, sem saber.
O terceiro foi no domingo à tarde, a caminho da casa de uma amiga (nossa eterna companhia para o dia dos namorados solteira), e foi bem mais simples que os dois primeiros. Rosto jovial, com cara de um verão que tá batendo na porta. Ele sorriu pra mim de janela aberta no peugeot sem medo que eu pudesse vê-lo. Enquanto o semáforo era verde pra mim, eu não sabia se arriscava atravessar ou não. E eu achei um doce seu riso porque num mundo tão egoísta é difícil encontrar alguém no trânsito que não esteja de vidros fechados, olhando para o relógio, o horizonte, brigando com o cara do carro ao lado ou qualquer outra coisa corriqueira. E quando atravessei correndo, me fiando na generosidade e paciência dos motoristas para comigo, tomei um susto. O garoto de moicano e óculos da semana passada não era o da vez. E ele era tão atencioso, inteligente e curtido, me lembra alguém que eu conheço. Mas ele se assimilava a todos esses dessa semana. Por mais simples que tudo tenha sido. eu tinha me encantado. Carência dá medo. A gente sai acumulando sorrisos e brilhos nos olhos por onde vai, por quem se encontra por aí. E talvez o dia dos namorados estivesse ajudando. Eu passei o dia inteiro jogando violência no videogame, rindo de idiotices e coisas que evitassem o amor. Que afastasse o pensamento você e seu mundo, só porque dói saber que ele devia ser nosso, mas nossas vidas são diferentes demais para se homogeneizarem. De prontidão não ando entendendo nada.
Percebo que por quantos lugares eu passasse, eu veria você na pupila, no umbigo, no jeito de andar. Eu não tinha carência de amar, amor eu tenho de sobra. Eu tenho carência de você e procuro as melhores coisas nas pessoas e lembro como você é lindo por crescer e continuar um garotinho, de como sua voz é sempre adequada a cada situação e como você dentro de um egoísmo imenso, consegue engrandecer esse coração. E isso te faz tão nobre que deixei de ter medo de amar, de te esperar. Porque não importa a falta, o pedaço, o resto de ti que falta em mim, um dia estaremos prontos.
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