2 Rubrica: psicopatologia. compulsão para falar, loquacidade exagerada que se nota em determinados casos de neurose e psicose, como se o paciente, assim, quisesse dar vazão ao grande número de idéias que passam por sua cabeça; logomania.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Sexta feira 13
Depois de uma longa ligação que atravessou o dia 12 para a sexta resolvi dormir. Acordei assustada com a amiga que logo depois da hora do almoço aparecera em minha casa, me intimando a acompanhá-la num compromisso por não conhecer muito bem as ruas da cidade. Daí veio a preguiça. Lembrei-me da ida à casa de outra amiga, programinha pijamífero feminino adolescente, desculpa esfarrapada e sem vergonha para por as fofocas em dia. Praguejei baixinho por duas coisas precisarem ser feitas num mesmo dia, mas agilizei para cumprir com ambas. Como resposta caiu aquela chuva, o que motivou bastante só que ao contrário. "Sexta feira 13 dando as caras" disse minha amiga, e concordei. Não que as superstições sejam influentes em minhas atividades, mas se tratando de uma vida pra lá de azarenta é de considerar quando ainda é acrescentável essas crenças negativas. Com muita preguiça, lá fui acompanhar a tal amiga em seu exercício vespertino. O que foi bem turbulento com chuviscos, velhos mendigos loucos e muita confusão com o local de destino. Estresse. Cansaço. A volta pra casa, uma ligação ao melhor amigo. Aquela vontade de deitar na cama dele sem pensar em nada e escutar as músicas interessantes do seu itunes bem organizado. Mas agora ele só vive curtindo os amigos do irmão. Tédio. Ligação para duas ou três amigas. Caixa postal. Ocupado. É a tia falando. Um momento para se entreter. Umas descobertas nem um pouco surpreendentes sobre o que se queria que fosse visto de um jeito mas não. De quem tanto ficava contente conversando madrugada anterior. O melhor amigo chega, um pé no saco. O capítulo do livro, monótono. Incrível como meus períodos literários acompanham meu humor. Ficar em casa nem pensar, o pai resolveu irritar essa semana. A amiga da hora do almoço com compromisso cedo para o sábado. E o menino dos beagles logo na casa de cima, nenhum oi sequer. Mais tédio. Sem opções, hora de voltar para casa. Finalmente uma amiga resolve atender a porcaria do celular. Conversa curta, como se ali falassem pessoas que mal se conheciam. Avisos dados por tabela, poucas notícias contadas por cima de muitos acontecimentos recentes. Fazendo a linha de falar só o necessário porque contando em detalhes a conversa fica chata. Uma simples idéia de desligar com a desculpa de sono, é, a ligação não foi tão agradável como se esperava, na verdade nem de longe foi. Uma olhada na vida alheia e algumas lamentações por não ter ido à comemoração de ingresso de um velho amigo a universidade e curso invejáveis. "Metade da gente chata que eu achava que eu teria que aturar não foi" pensei. E por ter deixado de comparecer comprei briga mais uma vez com o velho amigo de novo estilo por parecer não fazer questão e ainda deixei de ver uma grande saudade. Que acomodada sou. Agora deito em minha cama, tento ler mas definitivamente hoje não é dia de leitura. Choro um pouco, e posiciono o travesseiro grande de modo que ele pareça um amigo me acolhendo. E eu me encolhendo... Simples assim chorar sozinha no quarto e nem ousar ligar para alguém por medo de acordar e assustar o irmão que dorme logo ao lado. E também por pensar que desse jeito sempre é melhor, não concretiza muito a tristeza e ela vai logo embora de manhã cedo, feito mulher perfeita para a macharada. Pensei nos muros imensos que venho construindo entre eu e algumas pessoas, por culpa minha, por culpa delas, por culpa da vida mesmo e seus engraçados e inacreditáveis desencontros. Por minha irremediável preguiça de viver. "E é daqui pra pior" refleti como se já não houvesse dito mais cedo à amiga estressada por um vestibular sem cobranças. Quantos poucos farelos restaram, que dão pra um bom bocado muitas vezes, mas que ainda teimo lamentar pelos pedaços que de mim se distanciam conforme os dias passam. "To desgostosa da vida hoje" consegui responder ao menino dos beagles quando ele resolveu se lembrar de minha existência. E de um jeito bem alegre, o qual ainda não havia percebido sua constância, prestou apoio e recusei. Na verdade nem respondi. "Não, muito obrigada, tudo bem". Ele é tão envolvidinho com as coisas que resolvi que ele não merecia meu desgosto, estresse, tédio, seja lá o que for. Ou talvez fosse preguiça de explicar um punhado de coisas e complicações. Agora já são 3h32 dum sábado 14 mas concluí que esse ano inteiro vai ser uma completa e tremenda sexta feira 13. Bem do jeito que eu achava que não seria. E enrolei bastante só pra dizer isso mesmo. Ando sem sono e a preguiça passou.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Para toda dor um antídoto
Mês passado eu passei no som a música que tanto lembra você. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. A princípio pensei ser um medo dessas solidões repentinas que a gente sente, de achar que não se tem ninguém para ligar desesperado e esse alguém te ouvir sem bocejar, de um problema que feito imã traz tantos outros efêmeros à tona. Medo de falta de amor próprio, quase uma sacanagem consigo por ferir-se tanto e por vontade própria, uma lembrança inútil que se guarda por prazer, uma espécie eufêmica de masoquismo. Considerei essas duas hipóteses até ouvir aquela outra música, aquela que por primeiro selecionava na playlist após a euforia de quando falávamos, cruzávamos, fitávamos. Um olhar compreensivo que conhece tanto, uma lembrança boa, uma piada antiga etc. E eu também passei. Não tinha nada para ser eufórico naquele momento, pensei. Nada para ser eufórico há muito tempo. A respeito de você, claro. Aliás, tenho tido muitas euforias esses tempos. Comemorações enormes por alcances pequenos: um resultado de exame bem sucedido, uma reconciliação, uma noite divertida. Foi aí que vi que minha vida podia ser eufórica sem te ter por perto. Quando foi que consegui essa proeza? Eis que então juntei as duas coisas. Porque eu não preciso de você, baby, e também não preciso de mais nada. Eu preciso de saúde, daí em diante me viro. E reviro. E me refaço, desfaço, despedaço, em pedaços, sem pedaços.
Semana passada joguei dominó com meu irmão. Faltava uma peça, e mesmo assim jogamos. Certa hora foi complicado porque o jogo simplesmente emperrou, aquela peça precisava estar ali para dar continuação. Mas é aí que vem a surpresa: uma simples mexida numa peça de um lado ao outro e tudo se resolveu. Assim que se faz com vida. Vocês dramatizando tudo e eu descomplicando quase, assimilando metade a um jogo besta. E quer saber? To nem aí. Não faz dor assim.
E mais. É sempre amor mesmo que mude. Mesmo que mude de amor. Porque demorei tanto a interpretar dessa forma? Eu ri. Amor é sentimento, sentir é atividade, atividade é atitude e atitudes não se fazem eternamente. Entendeu? Eu sei que não. Bem... Você odeia uma pessoa, sente apatia, sei lá. Até que a conhece. E vê que estava enganado, pronto passou. Dá pra compreender como funciona? Vou dar mais dois exemplos. Você briga com seu namorado. Sai bufando do apartamento dele por ele ser tão egocêntrico e você tão doadora de si. Sente ódio, não quer vê-lo nem pintado de ouro. Aí ele aparece com flores. E você se derrete. Passou, passou, você está encantada por ele de novo. Outra. Uma dor de cabeça. Insuportável daquelas que se sente. Aí toma um remédio e vejamos, passou, passou. Se você não entendeu tá apaixonado(a).
Um dia já morri de medo de te extrair de dentro de mim e não ter nada pra reparar. Mas percebi que mesmo dentro de mim você cavava vazios cada vez mais profundos que um belo dia resolvi parar de me preocupar em tapá-los. Resolvi pesquisar músicas pra narrar a noite passada com o menino de óculos e moicano, que realmente não era o da vez mas fazia um bem danado. Decidi usar o anel que o menino do colegial me deu. Até tentei tirar a foto de um beagle só pra mostrar pro menino convencido com quem tenho conversado ultimamente. E hoje em dia tenho preferido músicas que me lembram sentimentos novos. Eu pensei que o seu pudesse ser eterno, mas sentimentos não são eternos, se assim é mais fácil de te explicar. Típico de Poliana, não ando triste por ter descoberto um fim, mas fico feliz por ter durado. Vá, benzinho, dar um pouco desse brilho no olhar pra outro alguém. Simplesmente vá. Vá atrás do seu ainda impossível, também torço muito por você, esqueci de lhe dizer na última mensagem que não me deixou eufórica.
Somos todos feitos de sentidos. Sensibilidade total, rigidez apenas quando a primeira se esgota. Nem triste fico mais por escutar as tais músicas e não sentir vontade de dar uma passada aí só pra dizer um oi. Eu já senti amor, hoje é um afeto aguçado. Algo que podia ter sido mas de modo interrompido deixou saudade. E se não existissem essas interrupções acho que nem teriam todos esses tremores, pudores, temores e dores. Teve graça e ela não se perdeu, é que as outras coisas de fora também foram ganhando doçura, sabe? Levo tombos enormes e acho o máximo perder de vez em quando. Faço gosto em correr riscos e perseguir incertezas. Não lamento nada. Até sorrio pela infelicidade de antes, levantar duma queda é glorificante, devo agradecimentos às poucas e boas mãos que logo ali estão para me erguer. E pensar que já doeu tanto... Não sei explicar o que aconteceu. Tento definir com um único conforto: "Passou, passou."
Semana passada joguei dominó com meu irmão. Faltava uma peça, e mesmo assim jogamos. Certa hora foi complicado porque o jogo simplesmente emperrou, aquela peça precisava estar ali para dar continuação. Mas é aí que vem a surpresa: uma simples mexida numa peça de um lado ao outro e tudo se resolveu. Assim que se faz com vida. Vocês dramatizando tudo e eu descomplicando quase, assimilando metade a um jogo besta. E quer saber? To nem aí. Não faz dor assim.
E mais. É sempre amor mesmo que mude. Mesmo que mude de amor. Porque demorei tanto a interpretar dessa forma? Eu ri. Amor é sentimento, sentir é atividade, atividade é atitude e atitudes não se fazem eternamente. Entendeu? Eu sei que não. Bem... Você odeia uma pessoa, sente apatia, sei lá. Até que a conhece. E vê que estava enganado, pronto passou. Dá pra compreender como funciona? Vou dar mais dois exemplos. Você briga com seu namorado. Sai bufando do apartamento dele por ele ser tão egocêntrico e você tão doadora de si. Sente ódio, não quer vê-lo nem pintado de ouro. Aí ele aparece com flores. E você se derrete. Passou, passou, você está encantada por ele de novo. Outra. Uma dor de cabeça. Insuportável daquelas que se sente. Aí toma um remédio e vejamos, passou, passou. Se você não entendeu tá apaixonado(a).
Um dia já morri de medo de te extrair de dentro de mim e não ter nada pra reparar. Mas percebi que mesmo dentro de mim você cavava vazios cada vez mais profundos que um belo dia resolvi parar de me preocupar em tapá-los. Resolvi pesquisar músicas pra narrar a noite passada com o menino de óculos e moicano, que realmente não era o da vez mas fazia um bem danado. Decidi usar o anel que o menino do colegial me deu. Até tentei tirar a foto de um beagle só pra mostrar pro menino convencido com quem tenho conversado ultimamente. E hoje em dia tenho preferido músicas que me lembram sentimentos novos. Eu pensei que o seu pudesse ser eterno, mas sentimentos não são eternos, se assim é mais fácil de te explicar. Típico de Poliana, não ando triste por ter descoberto um fim, mas fico feliz por ter durado. Vá, benzinho, dar um pouco desse brilho no olhar pra outro alguém. Simplesmente vá. Vá atrás do seu ainda impossível, também torço muito por você, esqueci de lhe dizer na última mensagem que não me deixou eufórica.
Somos todos feitos de sentidos. Sensibilidade total, rigidez apenas quando a primeira se esgota. Nem triste fico mais por escutar as tais músicas e não sentir vontade de dar uma passada aí só pra dizer um oi. Eu já senti amor, hoje é um afeto aguçado. Algo que podia ter sido mas de modo interrompido deixou saudade. E se não existissem essas interrupções acho que nem teriam todos esses tremores, pudores, temores e dores. Teve graça e ela não se perdeu, é que as outras coisas de fora também foram ganhando doçura, sabe? Levo tombos enormes e acho o máximo perder de vez em quando. Faço gosto em correr riscos e perseguir incertezas. Não lamento nada. Até sorrio pela infelicidade de antes, levantar duma queda é glorificante, devo agradecimentos às poucas e boas mãos que logo ali estão para me erguer. E pensar que já doeu tanto... Não sei explicar o que aconteceu. Tento definir com um único conforto: "Passou, passou."
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