"Tua voz me irrita."
O que eu poderia ter dito:"Sente-se aqui, mocinho. Não, não precisa ser tão perto, que eu sei que você não é desses. Apenas sente, e escute. Eu também me irrito com alguma coisas.
Eu me irrito com o fato de você falar tanta coisa da boca pra fora e depois ainda se arrepender. Odeio o fato de você não se arrepender de nenhuma das coisas que faz, por mais erradas que elas sejam. Odeio o fato de você sempre ter uma desculpa pra tudo o que faz de errado, porque odeio essa gente que não assume que errou por errar e que acaba sempre inventando uma desculpa qualquer e transfere a culpa pro outro. Odeio o fato de você ferir tanta gente e nem se preocupar de passar por cima dessa gente toda. Odeio o fato de você querer pôr na balança uma indiferença minha a todas as coisas que me obrigaste a jogar no vento. E me olhar com essa cara de quem diz "tá vendo, ainda quer que eu fique" que eu até reflito se não interpretei tudo errado. E me dar um abraço que não cabe em mim e que nunca me deixa ir embora, só pra ter esse abraço sempre. Fazer o amor ser tão banal e simplificar tudo quando tudo não é tão simples assim. Odeio o fato de você mesmo sendo extremamente egoísta e olhando restritamente pra si, arranca alguns queridos amigos. O que me provoca tanto ódio é que ainda com esse jeito fúnebre e egocêntrico eu ainda tenho tanta, mas tanta vontade de te dizer "eu posso cuidar de você, mesmo que não queira ou precise". Irrita-me tanto suas aproximações. Irrita tanto que você saiba de tudo e simplesmente ignora. Irrita tanto você golpear tanto meu coração e eu não saber o que fazer quanto a isso. Esperar ou prosseguir? Esperar tudo ter um fim ou esperar um novo começo? Prosseguir com a minha vida ou prosseguir na tentativa de algo que possa tornar-se nosso?" A menina ingênua engole seco mais uma vez todas essas palavras vulcânicas e se cala.
O que realmente aconteceu: Dou meia volta e penso: "Tudo bem. Não tá mais aqui quem falou."